Memorando gera crise na Secretaria de Segurança

   Apesar de o secretário estadual em exercício da Segurança Pública, João Eider Furtado de Menezes, negar que o governo tenha determinado a...

   Apesar de o secretário estadual em exercício da Segurança Pública, João Eider Furtado de Menezes, negar que o governo tenha determinado a redução em 50% da quota de abastecimento de combustíveis para as viaturas das delegacias de Polícia pelo interior do Rio Grande do Norte, a crise está instalada no aparelho de segurança do Estado por conta da existência de um memorando (178/2009) da Delegacia Geral de Polícia (Degepol), informando justamente o contrário.
   O memorando é datado de 19 de outubro e está assinado, em papel timbrado, pelo diretor Administrativo da Degepol, delegado José Francisco Correia Júnior. Nele está escrito: “devido a reuniões acontecidas nos últimos dias na Secretaria de Planejamento e na Secretaria de Administração, ficou determinado que deve ser feito redução do custeio.”
   E adianta o documento: “Em virtude disto e para que não haja prejuízo do pagamento de final de ano, a quota de combustível para as cidades do interior será reduzida em 50%, nos meses de novembro e dezembro do corrente ano”.
   O diretor geral de Polícia Civil, delegado Elias Nobre, disse que esse memorando foi feito à sua revelia e o que o seu autor “vai responder administrativamente por isso”.
   Nobre afirmou que só ele podia responder e assinar um documento desse e que o documento não teria sido distribuído às delegacias do interior: “O documento não foi autorizado e o responsável vai ter se explicar por isso”.
   O secretário João Eider de Menezes disse que desde janeiro deste ano a determinação da Sesed é que as viaturas da Polícia sejam abastecidas livremente nos postos de abastecimento do Estado em Assu, Natal e Mossoró e brevemente em Caicó, com os tanques dos carros, caminhonetes e caminhões sendo completados no começo do dia e reabastecidos no fim do dia. “Não existe limite de cotas”, declarou ele.
   Menezes vem respondendo pela Sesed desde anteontem, em virtude de o titular, Agripino Oliveira Neto, ter acompanhado a governadora Wilma de Faria a Brasília. Ele disse que qualquer redução de gastos no âmbito do aparelho de segurança do Estado,  independe de pedido dela ou da Secretaria Estadual de Planejamento (Seplan).
   No entanto, Menezes admitiu que nas reuniões feitas pela governadora com o secretariado realmente existem “os pedidos e cobranças normais do dia a dia” relacionada à diminuição de despesas  com o custeio da máquina, inclusive sobre o consumo de água e energia. Para ele, é natural que numa repartição, numa determinada sala em que não esteja ninguém, uma lâmpada ou aparelho de ar-condicionado seja apagada ou desligado,com a finalidade de conter gastos em face da queda de receitas provocada desde o ano passado pela crise econômica mundial.
   Segundo Menezes, seria “um paradoxo” se falar em uma redução drástica na cota de combustível no momento em que o governo incorpora mais de 500 viaturas em diversos órgãos da segurança pública, incluindo a locação de 300, como as Polícias Civil e Militar, Corpo de Bombeiros, Itep e delegacias de Natal e interior.
    A vereadora Sargento Regina (PDT) disse não ter tomado conhecimento daquele memorando, mas confirmou que, pelas informações obtidas de sargentos que atuam como delegados no interior, “realmente em algumas delegacias a cota foi reduzida e em outras permanecem com a cota normal”.
   “Eu falo pelas cidades onde sargentos são delegados e procuram melhorar o aparato da segurança”, disse a vereadora, que fala a respeito da ajuda financeira que alguns prefeitos dão para a compra de combustíveis para as viaturas policiais. “Isso varia muito de cidade para cidade”, disse ela, que completou: “Isso já é uma prática antiga, de empresários e prefeitos contribuírem com a quota de combustível e, evidentemente, se um prefeito é do lado do governo, abre as torneiras, se é contra, fecha as torneiras”.

Fonte: Jornal Tribuna do norte

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