Titulares de associações representativas de praças, militares da polícia e corpo de bombeiros que estão acampados em frente à Governadoria, como forma de chamar atenção da população e pressionar o Estado sobre a urgência de mais investimentos na segurança pública, participaram de uma programação diferente neste domingo (13). Aquartelados desde a última terça-feira (08) no Centro Administrativo, eles tiveram um dia de lazer, com atividades recreativas e uma feijoada que foi servida também no local.
“A ação teve como objetivo demonstrar ao Poder Público que a corporação está unida, coesa e cada vez mais forte em busca dos seus ideais”, explica o presidente da Associação de Subtenentes e Sargentos Policiais e Bombeiros Militares do RN (ASSPMBM/RN), Eliabe Marques. Na ocasião, os militares estaduais participaram de um torneio de futebol, enquanto seus filhos participavam de jogos recreativos e degustavam churros, pipoca e algodão-doce, que também eram servidos em barraquinhas montadas no espaço.
Para o especialista em segurança pública, Ivênio Hermes, que também estava presente na confraternização, mobilizações como essa podem ser vistas como “fóruns sociais” e são fundamentais para o movimento de lutas. “Esse momento é importante, acima de tudo, para provocar ainda mais essa união, começando pelos praças. Isso é ótimo porque é a quantidade que vai demonstrar ao governo a insatisfação com o tratamento que é dado à segurança pública e ao profissional da segurança pública. Ao invés de ir só pra rua, se mobilizar, gritar e falar, a gente tem que se unir e mostrar que temos uma coesão, o que amplia significativamente a força”, avalia.
Integrante da diretoria da ASSPMBM/RN, a subtenente Célia Lins também compartilha dessa opinião. “É preciso pra que tenha a notoriedade, para que os responsáveis e gestores percebam a nossa ansiedade, que no caso aqui é o plano de cargos, carreiras e salários que nós já pleiteamos há bastante tempo” observa. “As deficiências da segurança pública estadual já tem sido observadas ao longo dos anos. É preciso que haja esse entendimento que eu sou uma formiguinha, mas preciso que todo o formigueiro esteja comigo, para dar suporte. Aqui ninguém está afrontando, posicionando contra autoridade A, B ou C, simplesmente pedindo respeito ao cidadão, seja ele militar, civil. Respeito à população”, destaca a pedagoga e blogueira de segurança pública Kézia Lopes.
Há quatro dias que o soldado M. Ribeiro está acampado junto à esposa e dois filhos em frente à Governadoria. Para ele, a aprovação do Projeto de Lei de Promoção de Praças ainda não supre todas as deficiências da segurança pública, como falta de efetivo, por exemplo. “Os militares trabalham sobrecarregados, e muitas vezes, a população não tem conhecimento do grande volume de ocorrências diárias que enfrentam. A culpa dos altos índices de violência no RN não é dos policiais e sim de quem tem que fazer esse investimento. O governo atual, desde o início da gestão não investiu no setor. O que eles divulgam nas mídias são doações de outros estados, como as cinco mil pistolas que vieram de SP, armas que para os militares de lá já estavam ultrapassadas”, desabafa.